::TVR Sagaris::

Gire a chave. A cabine estremece, o enorme conta-giros aponta 7.500Rpm e o ronco dos escapes lembram mais um rugido do que a partida de um motor. Mesmo para um superesportivo este tipo de atitude soa desafiador, quase uma afronta, até para os mais experientes. Passado o susto inicial, mas não menos nervoso, você ousa acelerar com o câmbio em neutro. Péssima idéia. A carroceria de duas portas confeccionada em fibra de vidro reforçada, montada sobre um chassi de aço tubular EN36, chacoalha fortemente e mesmo sem ter pressionado pedal até o fim, o conta-giros chegou perto da redline aos 7.800Rpm. Engata a primeira das cinco marchas e acelera. Os pneus cantam e o giro sobe. A traseira balança de um lado ao outro enquanto você luta com o volante para tentar corrigir a trajetória e manter a dianteira o mais alinhada ao tracejado do asfalto possível. Os 100km/h já se passaram em apenas 3,7 segundos e os 180km/h são atingidos em meros 8,1 segundos. Já passando dos 300km/h (333km/h é a máxima do carro), você resolve que é hora da razão tomar conta da emoção e desacelera, domando os níveis de adrenalina que correm desenfreados pelo seu corpo. Você desce do carro com um pouco de dificuldade, afinal, o assoalho é baixo e a elasticidade tem que ser maior do que para qualquer outro esportivo. O deboche das linhas incitam à agressividade plena e a aceleração contínua. Os cortes na carroceria, os vincos no capô e pára-lamas, a traseira truncada com os escapes em inox saindo pelas laterais e o diferente aerofólio transparente bastante inclinado, remetem aos mais abusados esportivos que se tem notícia. Prazer, este é o TVR Sagaris!

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Basta uma simples olhada para ver que este carro não está para brincadeiras. Suas linhas agressivas demonstram exatamente todo o ímpeto e arrogância deste TVR. A marca recebeu este nome devido ao seu fundador: TreVoR Wilkinson, mas recentemente fora adquirida por um milhonário russo que resolveu colocar mais ordem na casa e o Sagaris é o primeiro desta nova era. O nome é derivado de uma espécie de machado de batalha utilizado pelo povo Scythians para perfurar a dura armadura de seus inimigos, assim como o Sagaris faz com seus oponentes diretos no mundo automotivo.

Produzindo na fábrica da TVR na Inglaterra, o Sagaris conta com motor TVR Speed Six de seis cilindros em linha constituido em alumínio, 24 válvulas de 3.996cm3, pistões, bielas e camisas forjadas, corpos de admissão individuais, sistema de injeção multiponto que em conjunto são capazes de desenvolver brutais 380cv @ 7.500Rpm com um torque de 48,2Kgfm @ 5.000Rpm que quando enviados à tração traseira pelo câmbio manual de cinco marchas e embreagem AP Racing de 215mm de diâmetro, fazem os pneus Goodyear F1 de medidas 255/35-18" montados em rodas de alumínio modelo Spider 8,5x18", derreterem no asfalto como se fossem manteigas na frigideira.

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A suspensão até que tenta minimizar os solavancos mas sua construção prima pela pureza e consequentemente as variações são bem sentidas pelo piloto e passageiro. Contando com uma configuração de braços independentes, double wishbones, amortecedores do tipo coil-over (reguláveis) Bilstein e barras anti torção na dianteira é de se imaginar que um carro de apenas 1.078kg seja um kart, senão, bem próximo disto devido à relação peso x potência de assustadores 2,83kg/cv. A não ser pela assistência da direção eletro-hidráulica, nenhuma outra facilidade, controle eletrônico ou mimo é oferecido pelo TVR. Aquele monte de siglas que se encontram em outros carros (ABS, EDB, LSD, ASR, ESP, BAS...) não estão disponíveis no Sagaris nem mesmo como opcional e olhe que este é um carro lançado em 2003 (com início de vendas apenas em 2005), onde já existiam estas facilidades. Seria uma redução de custos como ocorre em outras marcas? Não na TVR. Estes carros são contituidos assim, para serem puros. Ao menos os freios de discos ventilados de 322mm mordidos por pinças de quatro pistões na dianteira e os de 298mm com pinças simples na traseira contam com assistência para ajudar a segurar o ímpeto do Sagaris.

Vídeo preview da Top Gear testando o TVR Sagaris.

Não deu para o Stig.


Pensando em expansão, obviamente os TVRs deverão se adequar às normas da União Européia quanto à equipamentos de segurança e emissão de poluentes, mas isto não significa perder o ímpeto, força e potência de trovões que segundo consta, o Sagaris nem mesmo é o mais indomável ou o mais arisco dos TVRs, mas também não deixa de ser um absurdo cotidiano, devendo ser domado e conhecido antes de ser pilotado.

É um carro da mais alta casta. Lindo, leve e puro. Compará-lo à Ferraris, Porsches, Lamborghinis ou Corvettes é algo, no mínimo, errôneo.
Definitivamente, achei o meu carro dos sonhos.
Um ótimo final de semana.
Abraços!

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